sexta-feira, 26 de julho de 2013

Um mês, Lola.

"Que mês!" "Que ano!" "Que fase!" Ando me repetindo isso muitas vezes. Acredite, só você sabe o porquê, Lola. Acho que nem eu sei, mas você sabe. Você, com seu jeito tosco, me conhece tão bem! Me indagaram o porquê de Lola. Não soube responder. Lola ou qualquer outro nome que eu desse a você: Flor, Lynda, Demo. Qualquer um desses nomes, apenas enganariam a quem não sabe quem é você. Mas você sabe que é apenas você. Você e todos aqueles que estavam naquela viagem a outro planeta. Você e todos aqueles que estavam na mesa do bar, embrigadados com cerveja barata. Você e todos aqueles que viram meu mundo trocando as peças quando meus olhos se encheram de lágrimas, ou quando viram uma droga na minha boca. Você acredita nisso, Lola? Uma droga na minha boca! Quantos tipos de droga você conhece? Até então, eu só conhecia você, a droga mais linda de todas. Mas se fosse antes, você falaria assim para mim: "Relaxa guria, você tá só vivendo". Tô vivendo, ou to morrendo? Eu realmente não sei, Lola. Queria poder ter seu abraço ainda, ele me ajudava quando eu não sabia o que fazer. Mesmo que continuasse confusa, ele me direcionava exatamente pra onde eu queria estar no momento. E o momento, isso era tudo o que eu tinha, tudo o que eu queria. Eu não queria o futuro, não queria o passado. Queria apenas aquele momento, aquele que você estava comigo. O momento em que meu mundo trocou de peças. Ah, que peças bonitas! Não quero devolve-las ou apaga-las. Mesmo que chegue uma hora que eu não possa mais utilizar essas peças, eu quero guarda-las no lugar mais bonito que tem dentro de mim. Qual é, eu não sei. O coração ou a alma?  O que você preferia em mim, Lola? Ai, preferia.. dói usar os verbos no passado. Pretérito perfeito, mais que perfeito. Isso não existe, pretéritos são todos imperfeitos. E quem diria: um mês! Hoje, agora. Choro, lágrima. Aquele dia estava sol, hoje não há sol. Não há paz, mesmo que você não signifique a paz. Hoje não há amor, mesmo que você não signifique o amor. Quase dois meses depois daquela viagem a outro planeta, eu só lembro de suas palavras ao roubar o beijo. O nosso primeiro beijo, o nosso primeiro momento. "No final de tudo, EU estarei aqui, guria." Cadê você agora, Lola? Você não tá aqui. Não tá ali. Você não tá lá. E mesmo estando em todos os lugares, você não tá por mim, não pra mim. Tá pra outras bocas, outras cervejas, outras asneiras. Eu olho, finjo não ver, finjo não sentir. Mas hoje, de novo, eu sonhei com você. No sonho, você disse que se eu não estivesse ali, você não faria aquilo. Se você não fizesse aquilo, você não seria menos ou mais idiota. Ah, mas eu já te disse isso. Eu não chorei todos os dias desse mês. Mas com meu choro, devo sim ter alagado um quarterão. Ontem eu chorei de novo, mas chorei porque precisava do seu abraço pra saber que direção tomar. Por não ter seu abraço, não tomei direção nenhuma. Continuo estacionada, parada, estabilizada. No mesmo lugar onde você me deixou naquela quarta feira de sol. Eu e o sol. Estamos numa relação profunda de amizade, por isso ele anda sumido. Ele tá tentando se esconder, porque anda triste. Eu tô tentando me esconder, porque ando triste. Talvez se eu tivesse te procurado, Lola, você teria voltado. Mas eu não procurei, porque não sabia o que falar. Hoje sinto que se te procurar, você vai soltar gargalhadas na minha cara, e sair tropeçando por aí. Talvez no seu quarto você chore, mas quem vai saber? Só sei que ainda sinto seu cheiro. O cheiro do seu perfume misturado com o cheiro dos seus cabelos bagunçados. Ainda é automático chegar e olhar pros banquinhos, ver se você tá sentada. Sozinha ou rodeada por seus amigos. Ainda é comum procurar o sofá ou tentar abrir aquela sala. Andar pelos corredores e imaginar você parada, me olhando com olhos de "vem cá, cuida vai?" Não consigo esquecer sua voz cansada, suas risadas forçadas, suas conversas ordinárias, seus comentários sujos, seus olhares lindos e seu sorriso contagiante. Não consigo esquecer você, Lola. Mesmo depois de um mês. Talvez eu não queira te esquecer, no meu inconsciente. Talvez seja a coisa que eu mais queira no mundo. Só sei que, querendo ou não querendo, eu penso em você, e pra variar, isso só ferra comigo. Adeus Lola, por hoje, adeus.

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