quinta-feira, 22 de julho de 2021

 Eu me sinto insegura de tantas formas que não sei nem como descrever. 

Esse texto talvez não faça o menor sentido porque eu sinto que na minha cabeça nada faz sentido no momento. 

Eu estou confusa. Estou me perdendo em meus pensamentos. Quando eu via as pessoas comentando sobre o que é estar depressiva, sobre o que é não conseguir ter forças pra levantar da cama, eu jamais imaginaria que esse tipo de dor tinha como ser tão física. 

É uma dor tão grande que pra sair de mim eu recorro a tantas ferramentas que na verdade são inúteis e aí eu fico completamente perdida na minha própria vida. 

Eu queria conseguir compartilhar essa dor com as pessoas que eu sei que conseguem me fazer rir, mas quem disse que eu tenho forças pra dizer a alguém que estou sofrendo? 

Acho que perdi meu dom de escrever. Tenho tentado várias e várias vezes. Me vejo naquelas cenas de filmes, onde os personagens começam a rascunhar em um papel, escrevem duas linhas, arrancam a folha, amassam e arremessam longe. E aí começam a rascunhar em um papel, escrevem duas linhas, arrancam a folha, amassam e arremessam longe. E aí começam a rascunhar em...

Isso aqui já não faz sentido nenhum, e cada momento parece ser uma tortura. Uma autotortura. Eu procuro coisas que me machucam, vou nas minhas cicatrizes e cavuco até machucar de novo. E machuca. E eu choro. E eu alago aqueles famosos quarteirões. 

Sabe que essa frase eu escrevi num texto que eu rascunhei e joguei fora. Mas na realidade ele tá guardado aqui, porque nem o prazer de escrever no papel eu consigo me dar mais. E aí eu fico presa a essa tela de laptop, que na verdade não tem me trazido benefício nenhum. É foda. 

Comecei um novo jeito de tentar controlar meu pânico. Vários mantras, querendo alinhar os chacras, tentando superar minha autoestima no chão. Novo jeito antigo de não controlar porra nenhuma, porque parece que eu não tenho domínio sobre mim. 

Eu me revolto com a vida do jeito que ela está. Eu reparei que tem um homem em situação de rua que faz da calçada da rua da minha casa o local pra ele se proteger do mundo. Tem uma proteção, ali ele não pega chuva. Esses dias eu passei por ele e falei boa noite. Ele respondeu educadamente boa noite. Aí do momento em que entrei no meu prédio até o momento de abrir a porta da minha casa eu pensei não sei quantas vezes que porra passa na minha cabeça pra eu desejar uma boa noite pra alguém que com certeza não vai ter uma boa noite. Tudo bem, eu sou educada, é o meu normal fazer esse tipo de coisas. Mas meu coração dói. Qual minha missão nessa terra? Eu quero ajudar as pessoas. Que porra de mundo é esse que normaliza as pessoas "morarem" na rua. Que normaliza em uma mesma rua alguém não ter o que comer enquanto do outro lado tem um monte de gente hipócrita que se diz do bem mas deixa a bandeira do país na varanda nesse atual momento. 

Nossa, isso me dói. Parece piada o que nosso habitat tem se tornado. É aquela máxima de que seria cômico se não fosse trágico. E é trágico pra caralho. Só me faz lembrar de legião falando que ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer. Gargalhadas nesse momento. Que presidente, né?! Talvez seria melhor pensar na música do Pensador dizendo hoje eu tô feliz, minha gente, matei o presidente. 

Mas eu queria voltar no moço que vive aqui na rua de casa. Todo dia agora eu passo por ele e perco um pouquinho do meu coração. Me sinto culpada por não ter feito nada por ele ainda. Por que temos o mau costume de sermos egocêntricos e egoístas a nível de não ajudar o próximo. Tô carregando esse peso mas pensando que tem gente do meu lado gastando 50 mil num casamento, ou então planejando tour pela Europa, ou então desprezando alguém literalmente porque ela apenas é, e não tem. 

Acho que no fundo é isso, você é o que você tem mesmo. 

Eu prefiro ter amor. Cabe amor demais no meu coração. Então por que eu tenho sido tão machucada? Por que eu não consigo curar esses machucados? Por que eu não tenho forças pra levantar da cama e fazer as coisas que eu mais amo na vida? Ou as coisas que menos amo, ou as coisas que eu preciso aprender a amar, ou sei lá... absolutamente qualquer coisa é melhor do que eu sinto agora. 

Eu sinto desejo de não estar viva. Isso é estranho. E não é desejo de morrer, é desejo de não existir. Às vezes eu não queria estar nesse mundo, viver aqui é difícil e doloroso demais, não sei se aguento firme por muito mais tempo. Não que eu queira fazer algo comigo mesma, não. É só que eu realmente acho que não ficarei firme. Me sinto instável a todo momento. Triste, cansada, com raiva, com vontade de xingar, com vontade de gritar, com vontade de meditar, com fôlego para correr com minha cachorra, sem fôlego pra respirar perto de algumas pessoas. 

Não sei, acho que meu muro de lamentações tá cheio demais, preciso esvaziar um pouco pra tentar mudar minha doce tristeza que tem se espalhado por todos os cantos da minha casa. 

Ainda quero terminar o raciocínio, mas agora a crise que eu estava tendo quando comecei a escrever esse texto deu uma amenizada. As lágrimas pararam de rolar, e eu já me sinto um pouco mais afim de respirar em paz. Sinto saudade de ter paz.


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